Blitz da lei seca vai flagrar quem usa maconha e cocaína
Entre a noite desta sexta-feira e a terça-feira (12) de carnaval, o
governo do Estado vai testar nas ruas da capital um novo modelo de blitz
para fiscalizar a lei seca. Além de novos equipamentos para flagrar
motoristas bêbados, como câmeras de vídeo, policiais de São Paulo terão,
pela primeira vez, aparelhos capazes de detectar se o motorista
consumiu também maconha ou cocaína. Os equipamentos, inéditos no País, serão usados caso o policial
suspeite do consumo de drogas. Para o teste, são coletadas gotas de
saliva do condutor. Diferentemente do álcool, não é preciso aferir a
quantidade de outras substâncias psicoativas no corpo: pelo artigo 306
do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), qualquer valor é suficiente para
indiciar o motorista por crime de trânsito, que pode pegar pena de 6
meses a 3 anos de prisão, além de perder a Carteira Nacional de
Habilitação (CNH) por um ano e pagar multa de R$ 1.915,40.
A ressalva, segundo o presidente da Comissão de Trânsito da seção
paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Maurício Januzzi, é
que, assim como o bafômetro e o exame de sangue, o motorista não é
obrigado por lei a fazer o novo teste antidrogas.
Mudanças
Os novos aparelhos são apenas uma das mudanças na blitz da lei seca. O
governador Geraldo Alckmin vai assinar, nesta sexta-feira, um decreto
que rebatiza a fiscalização como Operação Direção Segura. No lugar de
uma operação conduzida basicamente por policiais militares, as novas
blitze terão também delegado e escrivão da Polícia Civil, peritos do
Instituto de Criminalística e agentes do Departamento Estadual de
Trânsito (Detran) e de seis secretarias de Estado. Serão, ao todo, 17
pessoas por operação. "A diferença é que toda a operação estará
concentrada em um lugar só. Hoje, a cada motorista flagrado, é preciso
que três, quatro policiais o acompanhem até a delegacia. Com o tempo, a
blitz acaba se desfazendo", explica o presidente do Detran, Daniel
Annenberg.
A ideia do Palácio dos Bandeirantes, conforme o jornal O Estado de S.
Paulo antecipou em novembro, é que o indiciamento do motorista infrator
ocorra na mesma noite do flagrante da bebedeira. A documentação do
motorista e a situação do veículo (em relação ao pagamento de IPVA e
licenciamento) também serão fiscalizadas nas operações.
Outra novidade é que os policiais vão usar câmeras de vídeo, cujas
imagens passaram a ser aceitas como prova de embriaguez desde o fim do
ano passado, e foram treinados para notar os sinais de embriaguez
definidos pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Além disso,
cadeirantes vítimas de acidentes de trânsito farão ações de
conscientização sobre os riscos de dirigir sob efeito de álcool e outras
drogas. Eles também vão atuar em bares, baladas e restaurantes.
O piloto do novo programa só deverá ser implementado no resto do
Estado após o carnaval. Annenberg diz que, em uma segunda etapa, ainda
neste ano, as blitze terão vans com computadores da Secretaria de Estado
da Fazenda para que motoristas que estejam sóbrios, mas tenham
pendências financeiras com o veículo, possam acertar suas contas. "Às
vezes, o cidadão que não é bandido e está com a família fica a pé à
noite por causa disso."
0 comentários: